domingo, 15 de junho de 2014

Nada de perguntas! (final)

Antes de me virar para ver quem se dirigia a nós, ouço uma voz de um homem a cumprimentar o Pedro.
-      Senhor Pedro Castro, receava já não haver uma oportunidade de conversarmos.
-      Senhor Engº. Barbosa, como está? Pensava que só viria amanhã. – articulou nervosamente.
-      Por motivos de força maior, terei que viajar amanhã para o Brasil, se quiser apresentar a tal proposta terá que ser agora, se chegarmos a acordo depois poderá tratar dos pormenores com o meu staff.
          Este devia ser um dos potenciais clientes de quem ele andava atrás. Ele tinha mencionado qualquer coisa acerca disso durante o almoço. Eu não queria acreditar que a besta do velho fosse insistir em tratar de trabalho à uma e tal da manhã. Virando-se para mim, apresentou-me, dizendo que eu era uma velha conhecida, que estava ali também para o congresso. Não tive a certeza que o velho tivesse ficado convencido, pois ao despedir-me deles, ainda o ouvi sarcasticamente a perguntar ao Pedro, pela sua encantadora esposa, e pelos filhos.
          Depois de recolher o cartão-chave na recepção, olhei disfarçadamente e vi-os dirigirem-se para o bar do hotel. Enquanto o homem falava, ele num breve arquear de sobrancelhas, deu-me a entender que não poderia fazer nada. Eu entendi.
No elevador, respirei fundo… parecia que agora, longe dele a sua influência sobre mim ia esmorecendo, e pensando agora mais friamente no que estivera prestes a acontecer, tudo não parecia mais do que uma grande loucura… contudo, não podia ignorar um certo sentimento de frustração. Algo em mim mudara definitivamente.
Cheguei ao quarto, despi-me e tomei um duche… enfiei-me num negligé, e deitei-me… não conseguia deixar de pensar no que se tinha passado naquele dia, tinha sido o ponto de viragem da minha vida… peguei no telefone e liguei ao meu marido, como calculei ele ainda não estava a dormir, sem pormenores disse-lhe que estava tudo bem e que ia dormir. Quase a desligar, ainda lhe disse:
-      Sobre o que nós temos falado… eu pensei nisso. E acho que finalmente entendi o que nunca tinha conseguido entender. Tu tens razão… vamos fazer o que tu tanto queres.
-      A sério? Eu amo-te tanto… – Ele estava radiante.
-      A sério… e eu também te amo, depois falamos sobre isto, agora dorme. – Disse-lhe, desligando a chamada.
Tinha a certeza de que algures no Porto, havia pelo menos um homem felicíssimo. Sabia que mais cedo ou mais tarde ia ser pai. E eu encarregar-me-ia de tratar disso.
Desliguei a luz e fiquei a olhar para a lua, enorme que me espreitava pela janela do quarto. De repente, dei por mim a imaginar como aquele luar era tão mal empregue em não estar a iluminar corpos a fundir-se um no outro. E que esses corpos não só poderiam, como deveriam ser o meu e o do Pedro. Estava outra vez a arder, e o foco principal do incêndio ansiava por ser tocado, deslizando as minhas mãos pelo meu corpo, comecei a acariciar-me, senti-me completamente molhada de desejo, e com os dedos, comecei a masturbar-me, com uma mão a deslizar na parte de dentro das minhas coxas, imaginando ali o toque das ancas dele, e com a outra mão a acariciar-me o clítoris, vim-me como não me lembrava de alguma vez me ter vindo, bastou-me imaginar que ele estava ali, a possuir-me toda. A fazer-me um filho. Estava toda a tremer.
 O orgasmo tinha-me deixado completamente nas nuvens, e fechando os olhos deixei-me adormecer, enquanto na minha mente iam desfilando imagens de corpos nus, transpirados, ofegantes, a ultima coisa de que me lembro foi de me ter sentido adormecer com um longo suspiro.
  Sem saber ao certo o que me tinha feito despertar do turbilhão que estava a ser o meu sonho, acordei. Estava tudo silencioso, o som da rua, mesmo com a janela do quarto completamente aberta, não chegava ao vigésimo segundo andar. Pelo menos àquela hora da noite, em que as ruas deviam estar desertas. Esticando a mão peguei no telemóvel para ver as horas, duas e quarenta e cinco. Já prestes a esquecer o assunto, ouvi leves pancadas na porta.
Fora isso que me despertara. Intrigada, levantei-me e dirigi-me à porta. Provavelmente fruto do magnetismo que dele sentira durante todo o dia, mesmo antes de abrir, pressenti que era o Pedro.
E foi sem palavras que ele transpôs a porta. Ao mesmo tempo que a fechava com um pé, puxou-me para ele, beijando-me, levantou-me e foi ao colo dele, com as minhas pernas à volta das suas ancas que me levou para a cama. Sentou-me na beira, e começou a desapertar a camisa. Eu levantei-me e fi-lo parar. Queria ser eu a despi-lo. Desapertei-lhe a camisa até baixo. De seguida, despertei-lhe o cinto e soltei um suspiro quando senti o volume que lhe deformava as calças quando as desapertei, deixando-as cair aos seus pés. Passando-lhe as mãos pela barriga, sentindo o resultado que anos de ginásio provocam, deslizei-as pelo seu peito, largo e afastei-lhe a camisa, passando-a pelos seus ombros e depois continuando a descê-la pelos seus braços, dando um último puxão, fiz voar os seus botões de punho pelo chão do quarto. Com um rápido movimento descalçou-se ficou ali à minha frente, de boxers. A lua, que entrava pelo quarto a rodos, iluminava-o. O volume que sentira, duplicara, deixando-me adivinhar o quanto ele estava louco de desejo.
Não consegui esperar mais. Voltando a sentar-me na beira da cama, com as duas mãos fiz deslizar por ele abaixo a ultima barreira que me separava daquela masculinidade. Ofegante e sentindo o coração a galopar-me no peito, engoli em seco vendo a força que emanava daquele fabuloso instrumento de culto, ali a centímetros de mim, obscenamente apontado à minha cara. Peguei-lhe, e ele, com o meu toque, pulsou nas minhas mãos, respirando fundo, gemeu de prazer quando eu lhe beijei a glande, descomunal. Queria demonstrar-lhe toda a minha submissão, com esforço tudo o que consegui foi que entrasse parcialmente na minha boca, de seguida, comecei a beijá-lo todo, lá desde a base, até novamente à ponta. Ao fazê-lo, esfregava-o na minha cara. Durante todo este tempo, nunca desviámos os olhos um do outro.
Então, pegando-lhe nas mãos, puxei-o enquanto me ia reclinando até que fiquei deitada de costas, bem no centro da cama. Ele veio por cima de mim, envolvendo-me com os seus braços, deixando-me sentir o seu peso, começou a beijar-me na boca. Eu queria mais, delirando de desejo, ele foi-me beijando o pescoço, descendo pelo meu corpo, sugando-me os mamilos, primeiro delicadamente, e depois mordendo-me com força. Descendo mais, beijou-me a barriga cada vez mais para baixo, até que senti os meus pêlos na sua cara. Sentia-me a derreter. Sentia-me escorrer de desejo, e ele não desperdiçava um pouco que fosse do que eu lhe estava a dar. Ao mesmo tempo que me devorava com a boca, fazendo-me quase desmaiar de prazer, ia-me explorando com os seus dedos. E que dedos! Tocando-me em sítios que nem eu própria imaginava ter, levou-me a uma espécie de limbo, em que, sem o mínimo controlo sobre o meu corpo, nada mais podia fazer senão gemer e gritar de prazer, enquanto ia sentindo num atrás do outro, uma onda interminável de múltiplos orgasmos.
Nunca na vida sentira nada parecido. Mas queria mais. Queria tudo. Queria senti-lo dentro de mim. Ele, parecendo adivinhar, volta a pôr-se sobre mim. Ao mesmo tempo que colocava a sua boca junto da minha, respirando o meu ar, colocou o seu enorme pénis à entrada da minha vagina. Minha não, dele. Assim como toda eu, era dele. E começou a forçar a entrada. A dor que provocou ao esticar os meus lábios depressa se transformou no mais puro e animal prazer. E veio empurrando, num lento vai e vem, de cada vez que saía, entrava um pouco mais. E eu ia-me ajeitando, abrindo-me ao máximo, empenhando-me para acomodar tudo aquilo dentro de mim. E então, adivinhando um novo orgasmo, puxei-o ainda mais. Queria-o todo. Todo o seu peso. Toda aquela peça de carne pulsante distendendo-me as paredes interiores vagina, preenchendo-me completamente. Tendo a noção de que todas as minhas barreiras estavam agora derrubadas, pego-lhe na cabeça, procurando forma de encostar a minha boca ao seu ouvido. No meio da respiração ofegante e completamente descontrolada, e com a voz já rouca de tanto ter gemido, falei pela primeira vez:  
-      Sim… toma-me toda… eu sou toda tua, fode-me toda, solta todo o teu esperma dentro de mim…sim…
Cravando as minhas unhas nas suas nádegas, duas enormes bolas de carne, que a cada estocada ficavam rijas como mármore, puxei-o com toda a minha força. Já estava. Podia sentir os seus ossos pélvicos a esborrachar-me os lábios completamente abertos para engolir todo aquele mastro. Sentia-o tão dentro de mim que certamente pressionava a entrada do meu útero. Estávamos completamente alagados em suor, o dele, misturava-se com o meu encharcando-me o negligé. Precisando de me ver toda, de sentir a sua pele na minha, abriu-mo com um só rasgão. Agora sim. Sem nada entre nós, sentia-me toda dele. Sentia-o por todo o meu corpo!
Quando eu pensava que ele já não poderia entrar mais em mim, levantou-me as penas, colocando-as sobre os seus ombros. E foi assim que ele ficou por mais sei lá quanto tempo, ora lentamente, deixando-me sentir todo o seu comprimento, agora entrando e saindo quase todo, deixando só a cabeça dentro de mim e voltando e enterrar-se todo, ora aumentando o ritmo até passar a foder-me alucinadamente. Em boa verdade, tenho poucas certezas de não ter desmaiado durante aquela foda.
Então, começou a abrandar. Totalmente enterrado dentro de mim, mexendo-se quase imperceptivelmente, até que se imobilizou por completo. Com aquele esgar tão característico de quem está a ter um majestoso orgasmo, disse-me ao ouvido “ Toma! Toma-me todo!”. Veio-se. Explodiu dentro de mim, de cada vez que se contraía dentro de mim, sentia mais uma vaga de esperma quente e espesso a derramar-se bem dentro do meu ventre perfeitamente preenchido por toda aquela imensa peça de carne. Tudo o que ele despejou dentro de mim, cá ficou. Só sairia quando ele saísse de mim. E eu não o permitiria tão depressa. Puxei-o ainda mais para cima de mim. Deixou-se ficar assim até ter recuperado a respiração. Eu pensava que ele entretanto amolecesse e que saísse. Puro engano, mal perdeu um pouco a rigidez, voltei a senti-lo pulsar, e dentro de pouco tempo voltava a penetrar-me, agora mais lentamente, saboreando cada milímetro da minha distendida vagina. Já o dia começava a clarear quando finalmente adormecemos.  
Escusado será dizer que nos dias que o congresso durou, por poucas vezes saímos do quarto.

Quando voltei para casa, no final dessa semana, sentia-me outra mulher. E era. O meu marido notou algo de diferente, e perguntou-me o que se passava. Colocando-lhe o indicador nos lábios fiz-lhe sinal para nada dizer.
-      Nada de perguntas, lembras-te?
E nada mais me disse. Nunca mais entre nós se tocou no assunto da minha viagem a Lisboa.
Nem mesmo quando, umas três semanas depois, e como resultado dum teste de gravidez, lhe dei de presente uma chupeta. Ficou radiante, era o futuro papá mais babado do mundo. Nada o poderia fazer mais feliz.
Nada excepto uns meses mais tarde, ao lhe ter oferecido uma outra chupeta, ao que ele fazendo uma cara de surpresa disse que eu já lhe tinha dado uma. Respondi que seria uma para cada bebé, uma azul e outra cor-de-rosa. Estava grávida de gémeos. Um casalinho.
Nem sequer até hoje, que os gémeos já gatinham, nunca falámos sobre aquela viagem. Eu tinha realizado o sonho do meu marido. Tinha realizado o meu também.

Ah! E acerca do que o meu marido tão insistentemente me pedia, antes daquela bendita viagem era que, sendo ele estéril devido a uma doença infantil, eu podia seduzir um homem que me engravidasse. Nenhum de nós confiava nos bancos de esperma, e desde que, o que quer que acontecesse ficasse bem enterrado nas brumas do esquecimento, o trato era mesmo “nada de perguntas!”.
Nunca mais voltei a ver o Pedro. Mentiria se dissesse que, de tempos a tempos não sinto algo a mexer comigo quando penso nessa semana que passamos juntos.
Quando olho para os miúdos, o que vejo, são os filhos do meu marido e não do Pedro. Quanto à vontade de voltar a ser dele, não é coisa que eu planeie que venha a acontecer!


Pelo menos até os miúdos terem uns quatro anitos, altura ideal para eles terem mais um mano… ou dois.



FIM

Nada de perguntas! (de um fã que prefere continuar anónimo)

Olá Dulce, depois da nossa conversa, e pela tua preocupação com a inatividade dos últimos dias no blog, e consequente pedra de interesse nos visitantes, deixa-me contribuir como posso: este é o meu melhor conto, se for suficientemente bom, por favor publica-o. 
As rápidas melhoras!


Nada de perguntas


Há quem acredite no destino. Eu, até há pouco tempo não acreditava. Redundância à parte, foi o “destino” que se encarregou disso.

A meio dos trintas, e casada há onze, com um casamento de sonho, amava o meu marido, e só havia um assunto que provocava algum tipo de atrito entre nós, era sermos pais, mas por mais que o meu marido me tentasse convencer, não me achava capaz de lhe satisfazer esse sonho.
          No final de Junho do ano passado, houve um congresso de segurança e higiene no trabalho em Lisboa, e eu como responsável desse departamento numa multinacional, tive que ir, confesso, um pouco contrariada, mas são ossos do ofício. Assim, lá apanhei o intercidades numa terça-feira de manhã. Sempre gostei de andar de comboio, dá oportunidade de aproveitar o tempo de duas maneiras; seja para trabalhar ou para descansar, enquanto nos deslocamos.
          Perto de mim ia uma senhora com um menino que devia ter uns dois anitos, lindo como todas as crianças enquanto são pequenas, Dei por mim outra vez a pensar nas ultimas palavras que o Daniel, o meu marido, me dissera ao despedir-se de mim nessa manhã. “Pensa nisso, eu peço-te por favor, eu amo-te, e amar-te-ei sempre, aconteça o que acontecer. Cada vez mais. Dá-me um filho.” Despedimo-nos com um beijo. Tinha medo de, ao realizar o sonho dele a nossa relação mudasse de tal modo que ficasse em risco.
          Para esquecer esse assunto, liguei o portátil. Fui enviando alguns mails e anotando ideias do que seria interessante ver discutido no congresso.
          Cheguei a Lisboa, e um táxi depois estava no hotel por volta do meio dia, depois de fazer o registo de entrada deixei as coisas no quarto e desci ao restaurante para almoçar, a meio do almoço liguei ao Daniel, disse-lhe que tinha feito a viagem sem stress, que os comboios tinham mudado imenso desde os tempos em que eu fazia aquela viagem todas as semanas, nos meus tempos de faculdade, recomendou-me que pelo menos que me divertisse e aproveitasse aqueles seis dias num hotel de cinco estrelas, com tudo pago, que eram uma das vantagens destes congressos. Desligámos. Fiquei aliviada por ele não ter falado outra vez no mesmo.

          Já quase a acabar a sobremesa, absorta nos meus planos de como iria gastar o tempo até às seis, hora a que seriam iniciados os trabalhos, fui desperta por uma voz que, embora não a ouvisse há séculos, tive a certeza a quem pertencia.
-      Avelã! E eu a pensar que seria mais um fim-de-semana de seca…
           Pedro. O Pedro da faculdade. Sempre me tinha chamado de Avelã, por causa da cor dos meus olhos. Nunca mais o tinha visto desde aí. Éramos os melhores amigos na faculdade, ele, extremamente inteligente, e com um sentido de perspicácia que lhe davam uma argúcia quase felina, complementado com uma sinceridade absoluta, por vezes até sincero demais, ao ponto de me dizer sem pudor nenhum que eu era a mulher dos sonhos dele, mas que não queria sequer pensar nisso, pois conhecia-se bem demais para destruir uma amizade tão forte com outras coisas, pois o mais certo seria, na primeira oportunidade ele fazer merda e enrolar-se com uma caloira qualquer. Ele era assim. O que ele nunca soube foi que eu me estava a marimbar para as consequências, que por mim, desde que o tivesse, só que fosse por uma noite, pagaria o preço que fosse preciso. Mas nunca tive coragem de lhe dar a conhecer o que sentia por ele. O tempo foi passando, até que na festa de formatura foi com a garganta seca que o vi sair com uma fulana qualquer. Soube mais tarde que tinham casado.
          Nisto baixa-se para me cumprimentar e pousa-me a mão no ombro provocando-me um arrepio ao mesmo tempo que me dá um beijo na cara. Perguntou-me se estava só, respondi que sim e convidei-o para se sentar, ia agora mesmo pedir café. Aceitou com um sorriso.
          Fomos pondo a conversa em dia, ele divorciara-se da tal fulana da faculdade passado um ano. Voltara a casar havia uns anos, tinha um casalinho, ele com cinco, e ela com dois e meio. Mostrou-me uma foto deles com a mãe. Eram lindíssimos. Senti o monstro de olhos verdes a revoltar-se dentro de mim ao imaginar por um segundo que era eu na foto. Moravam em Madrid. Depois de ter trabalhado durante algum tempo numa empresa a desempenhar a mesma função que eu, tinha fundado uma empresa própria de consultadoria e era nesse âmbito que ali se encontrava. Pu-lo ao corrente do que tinha sido a minha vida até ali, e fomos falando de coisas triviais até que de repente tivemos uma daquelas incómodas pausas na conversa.
-  Acho que nunca me tinha apercebido das saudades que tinha de ti, Avelãzinha…
-      É…foram bons tempos. – Foi o que consegui articular, percebendo que ele me estava a querer dizer algo mais.
-      Foram mesmo, mas poderiam ter sido muito melhores, não achas?
-      As coisas acontecem sempre como têm que acontecer…    
          As palavras dele ainda me entoavam na cabeça, e faziam todo o sentido para mim, eu também nunca me tinha permitido pensar muito nele, tinha-o “arquivado” juntamente com todas as recordações da faculdade. Mas agora, ali frente a ele, vendo-o de novo, veio tudo à memória, do que tinha sentido por ele, e do que eu na altura tinha lutado comigo mesma, tentando ignorar o queria sentir mais. E para meu desespero, os anos só tinham melhorado o que na altura já era perfeito, nos seus trinta e cincos, os cabelos negros começavam a ter alguns vestígios de cabelos esbranquiçados, que lhe davam aquele ar de homem maduro, e perfeitamente encaixado num fato Armani, estava…demolidor!
          Pensei no meu marido, no que ele insistentemente me pedia. E há quem diga que não há coincidências…
          Sacudi os meus pensamentos e sem saber o que dizer, sugeri que fossemos até à varanda do restaurante, que tinha, segundo ouvira dizer, uma vista deslumbrante sobre Lisboa, com o Tejo em fundo.
          A brisa suave trazia-me traços de Egoiste Platinnum, e ao mesmo tempo que ele me ia contando a aventura que tinha sido, a dada altura ter trabalhado nos Estados Unidos, eu ia sentindo os meus pensamentos a voar, e sem querer acreditar no que estava a acontecer, não fazia nada para evitar, como pelo contrario, queria que o tempo parasse.
          Queria que aquele momento durasse para sempre, queria esquecer que tinha uma vida perfeita em todos os aspectos; tanto pessoais, como profissionais. O casamento com o Luís era alvo de inveja e admiração por parte de todos os nossos amigos, todos eles entretanto separados, ou a caminho disso; profissionalmente, estava no topo da carreira, mas nada disso tinha a mínima importância.
          Tudo o que importava agora era aquele homem que ali estava comigo. Nunca tinha sentido nada parecido.
O sentimento de culpa só servia para aumentar ainda mais o desejo de ser dele, era como se todos aqueles anos tivessem sido uma caverna onde uma outra mulher estivera aprisionada, e que agora se soltava das amarras. Que queria ser fêmea. Que estava prestes a sair para reclamar tudo aquilo a que tinha direito. E tinha direito a muito! E a primeira coisa que iria reclamar seria a satisfação do desejo animal de ser totalmente possuída, de se abandonar às investidas de um macho que, tal como os animais, só saísse dela quando tivesse a certo de que a tinha tomado. Certeza essa, só assegurada largando dentro dela os seus fluidos de vida, a inundá-la completamente, percorrendo-lhe o corpo, na sua mais resguardada intimidade, emprenhando-a. Estava toda arrepiada, sentia a pele toda do corpo a reagir, sentia-me quente.
Foi como se tivesse finalmente visto a luz, era aquele o clique que me tinha faltado até ali para nunca ter sentido o tal instinto animal de sentir que tinha encontrado o macho ideal para ser o progenitor de um filho meu.
Regresso à realidade com o toque do telemóvel dele, era a Marisa, a mulher dele. Cabra! Há mulheres com tanta sorte neste mundo, nunca a vira na vida mas detestava-a. Ela tinha-o como pai dos seus filhos.
Então, como se por telepatia ele tivesse acesso aos meus loucos devaneios, olhando-me fundo nos olhos, foi com um ar de cumplicidade que ao olhar-me nos olhos lhe disse que estava tudo bem, que tinha encontrado um amigo do tempo da faculdade e que estava a pôr a conversa em dia e mais blá blá blá… iria ser um daqueles fins de semana da treta, e que tinha muitas saudades dela. Desligou.
Foi como uma bomba que me rebentou no peito, fazendo o meu coração disparar a mil à hora. Lembrei-me do tal instinto que faz com que os machos sejam tão infiéis. É-lhes natural procurar constantemente a disseminação dos seus genes, cabendo às fêmeas a selecção do melhor de todos. E eu queria-o como meu macho. O que se estava a passar comigo?
          Como estava quase na hora da abertura do congresso, subimos aos quartos para trocarmos de roupa, uma vez que a seguir haveria a tal recepção, e seria com traje formal.
          O tempo que durou, tanto o discurso do director do congresso, dando as boas vindas a todos os participantes, como o cocktail, no jardim do hotel, e tirando breves olhares, nunca estivemos um ao pé do outro. Quando as pessoas começaram a sair, e eu acabava de finalmente me conseguir livrar de um melga que sempre que me encontrava fazia questão de me azocrinar a mona com clichés ao mesmo tempo que se ia babando ao olhar para mim, devorando-me com os olhos. Há com cada cromo neste mundo, meu Deus!
-      Tens planos para hoje à noite? – Sussurrou-me ao ouvido, chegando-se por trás.
-      Não… acho que me vou deitar cedo, estou cansada e amanhã quero estar fresca para não perder nada do que vai ser discutido.
Nem precisava de olhar para ele para saber que devia estar com a cara mais aparvalhada deste mundo.
-      Ah… estava a pensar em irmos jantar a algum sítio, e depois podíamos ir beber um copo. – A voz de desalento dele dizia tudo.
Estava a adorar o jogo do gato e do rato… decidi continuar e ver o que iria dar.
-      Não sei…
-      Conheço o restaurante ideal, vem, não te vais arrepender! – Nisto chegou-se um pouco mais a mim, podia sentir o calor do corpo dele a incendiar-me. Virei-me e olhei-o nos olhos, respondendo-lhe:
-      De certeza? Tens a certeza que vale mesmo a pena? É quem me tira uma noite de sono, tira-me tudo…
Agora, já mais confiante, e com aquele olhar de sacana que ele sempre teve, avança:
-      Às vezes temos que perder certas coisas para ganhar outras… anda!
-      Tá… vou confiar em ti.
          Durante o jantar, num restaurantezinho no Bairro Alto, fomos falando de tudo e mais alguma coisa, excepto dos nossos casamentos. Isso fazia parte de outro mundo, ali, ele e eu éramos nós próprios um mundo à parte. À saída do restaurante, perguntou-me o que eu achava de irmos beber um copo a uma discoteca africana. Respondi-lhe que nunca tinha ido, ao que ele me diz que isso era um problema gravíssimo, mas que tinha o remédio.
          A Mournika, era diferente de todas as discos a que já tinha ido, havia uma energia no ar, não sabia muito bem do que era, quer fosse pela musica, quer fosse pelo facto de os pares, em vez de dançarem separados, dançavam juntos, no mais sensual ondular de corpos que eu já tinha visto, a melodia suave, mas compassada pelas fortes batidas da musica africana provocavam uma espécie de transe, que fazia o corpo sobrepor-se à mente. Era essa a língua que se falava ali, a língua em que os corpos se melhor entendem, a língua falada através do tacto, da visão e do cheiro dos outros corpos em redor.
          Não era à toa que outrora os colonos brancos consideravam a musica africana como obra do diabo. Imaginei o desconcerto que devia provocar naquelas mentes fechadas, verem os escravos de cor de ébano meio despidos a dançarem completamente entregues aos ritmos quentes, que os faziam transpirar sensualidade e desejo por todos os poros do corpo.
          De olhos fechados, embalando-me ao som do kizomba, sinto-o passar o seu braço por trás de mim, abraçando-me pela cintura e pousando a sua mão forte na minha anca, que mesmo por cima do tecido fino, parecia queimar-me, e, chego-me ainda mais a ele, que entretanto se colocou por detrás de mim, e enlaçando-me pela barriga com um braço, começou a conduzir-me com o seu corpo. Eu queria aquilo, queria sentir-me colada a ele, deitei a minha cabeça para trás, apoiando-a no ombro dele, sentindo o calor da respiração dele no meu pescoço.
Com a minha mão direita sobre a dele que me segurava pela barriga, e levantando o braço, puxei-o pela nuca, sentindo o corpo dele no meu, queria ser dele, aceitou-me beijando-me o pescoço, ao mesmo tempo que delicadamente me tacteava o corpo todo desde a coxa, conhecendo-me as curvas, passando pela anca e subindo, tocando levemente na parte lateral do meu seio, e voltando a descê-la outra vez, até a juntar à que já me segurava firmemente pela barriga, a forma como ele o fazia dizia-me, sem palavras o que queria, que era ali, dentro do meu ventre que ele queria estar, e eu reafirmando as minhas mãos sobre as suas, virei a cara, olhando-o nos olhos ao mesmo tempo que ele me beijou, primeiro nos lábios, depois, sentindo-me a entreabrir a boca, tocou-me levemente a língua com a dele, que depois disso ficaram as duas a brigar uma com a outra, a conhecerem-se, ora dentro da minha boca, ora dentro da dele.
Eu não me reconhecia, ali estava eu numa pista de dança de uma discoteca qualquer, com um homem que embora não o fosse, era quase um estranho, um homem casado, a quem eu me estava a entregar completamente.
E pensei no meu marido, nas ultimas palavras que ela me tinha dito nesse mesmo dia de manhã, e no efeito que elas tinham tido. Parecia que isso tinha sido numa outra vida.
Eu já não era a mesma mulher que fugia ao que ele constantemente me suplicava.
Ali e pela primeira vez na minha vida, não tinha dúvidas. Ali, eu não passava de uma fêmea no cio.
-      Leva-me daqui…- Foi num suspiro que lhe implorei.
-      Para onde?
-  Para onde me quiseres levar. – E esticando-me colei a minha boca à dele. Ficámos assim durante o que me pareceu uma vida.
Durante a breve viagem, na qual ele fez quase fez voar o carro pelas estreitas ruas da baixa lisboeta não trocámos uma palavra sequer. Não era preciso. Quando chegámos ao hotel e nos dirigíamos ao balcão da recepção, ele parou de repente, fazendo-me um ar de sobreaviso, e dizendo em voz alta qualquer coisa como “que tinha adorado discutir os pontos de vista sobre o congresso”. Sem perceber o que se estava a passar, ouço atrás de mim passos a entoarem no piso do átrio.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Prazer de Longo-Curso (É dura a vida de um camionista!)

Peço desculpa pela formatação dos parágrafos do texto, mas por mais que tivesse formatado quer no documento original, quer aqui na caixa de texto, nada resultou. 

   
  Rodo a chave e com um suave estremecer, os quinhentos e tal cavalos do Volvo despertam.
  Olho para a Sandra, a minha mulher, que com o ar de miúda traquina que os seus quarenta e dois anos nunca lhe roubaram, está entusiasmadíssima. Ia finalmente fazer uma viagem de camião!          
Não fossem os anos a fio que eu passara ao volante, também o meu entusiasmo seria outro. Quando comecei a minha empresa de transportes, hoje com uma frota de dezoito camiões, durante anos e anos devorei milhões de quilómetros, a tal ponto que na estrada era conhecido por Beep Beep. E aqui estou eu de novo. Porque se vai casar, um dos meus motoristas tirou uns dias de férias, e não conseguindo assegurar de outra forma este transporte para a Holanda, terei que ser eu mesmo a fazê-lo.           
Sendo eu o dono da empresa, providenciei para que fosse com a “jóia da coroa” da minha frota, um Volvo da última geração de camiões, que faz corar de inveja muitos apartamentos, tais são as suas comodidades. Desde todas as novas tecnologias de navegação por GPS, rádio CB, ar condicionado, uma funcional micro cozinha, duas muito confortáveis camas em beliche, enfim, completamente diferente das “latas” onde eu tanta noite passei, embrulhado em sei lá quantos sacos cama e cobertores, para sobreviver ao rigor dos Invernos do norte da Europa.          
Não é a primeira vez que a Sandra me acompanha, mas nunca tinha sido numa viagem para fora do país. E só eu sei quanto sentira a falta dela. Naquelas longas viagens, e principalmente nas longas noites que, à custa da minha imaginação acabávamos sempre por ter as mais tórridas sessões de sexo. Com o pormenor de ela estar dentro da minha cabeça, e era através do meu corpo que fazíamos amor. Se bem que era sempre uma questão de tempo, até compensarmos esses dias, pois quando eu chegava a casa, os vizinhos até ponderavam mudar de casa tal era a intensidade dos nossos reencontros.   
Dou por mim a sorrir, lembrando desses tempos, a cara do senhor da loja de mobílias, quando em três meses, ele teve que ir lá a casa reparar a cama que se desmanchara completamente. Por duas vezes! Resolvêramos o problema comprando uma cama toda reforçada em ferro.          
A manhã passa-se sem problemas, e paramos para almoçar numa área de serviço pouco depois de Vilar Formoso. 
De volta à estrada, a Sandra vai-se divertindo imenso a falar pelo CB com o resto do pessoal que assim como nós ia rodando. Só quem nunca assistiu é que não consegue imaginar; o quão facilmente as conversas entre camionistas descambam para a mais nua e porca ordinarice. Então se houver uma mulher em linha que atine na brincadeira… é um autêntico sarau de poesia! Se alguém se lembrasse de criar um blog com esse tema, seria o maior sucesso! Seja como for, ela lá vai espicaçando os pobres coitados. Tanto que aposto que alguns deles a esta altura já nem têm posição para ir a conduzir. Ela apresenta-se como camionista ninfomaníaca insaciável. E que fora por causa dela que inventaram o termo ninfomaníaca, e que na cama só não fazia o que não se lembrasse, e mais trinta por uma linha e diabo a sete…          
Eu, só com muito custo consigo abafar os ataques de riso provocados pelo que ela vai dizendo. E ela, sacana, diz as coisas e limita-se a morder o lábio inferior, como quem diz: “oops, sou uma menina má, portei-me mal não foi?”         
Perto de Burgos, paramos para pernoitar.       
Como tudo mudou nos últimos anos! Com excelentes infra-estruturas de apoio a quem vive na estrada, os motoristas têm à sua disposição modernas e confortáveis casas de banho, onde podem tomar um relaxante banho com agua quente, e tratar da sua higiene pessoal de modo a que quem olhe para eles dificilmente dirá que é alguém a milhares de quilómetros de casa.          
Depois do banho, o jantar. A Sandra comenta que está a adorar, sempre imaginara que fosse muito mais duro. Faço-a reflectir que nem todos os que assim vivem andam com camiões modernos, outros estão sujeitos a passar semanas fora de casa. E seja como for, é tudo muito bonito ao princípio, o que custa é quando a aventura cede lugar à rotina. Sempre a mesma estrada pela frente, sempre a mesma posição, sempre as mesmas coisas a fazer, conduzir, comer, dormir, e no dia seguinte recomeçar tudo de novo, dia após dia, após dia…          
Demoramo-nos por ali, vendo o desfilar de pessoas tão diferentes umas das outras. Se na altura já houvessem auto-estradas internacionais, a torre de Babel poderia ser uma área de serviço. Vê-se de tudo, inclusive os verdadeiros camionistas, barrigudos, com a camisa desabotoada até ao umbigo, desatilados e de chinelos enfiar no dedo, tudo rematado com um farto bigode de onde eles vão saboreando durante todo o dia o que comeram ao almoço. Certamente não foi por causa destes que se lembraram de melhorar as condições ao ponto que as melhoraram. A Sandra, quando eu lhe digo que provavelmente viera durante toda a tarde a falar com aqueles cromos, fica de boca aberta a olhar para mim, não querendo acreditar.           
Conhecendo de gingeira aquelas andanças, vou-lhe explicando os esquemas que ali se vão desenrolando. Os tempos podem ter mudado, mas as pessoas continuarão sempre a ser  pessoas. Assim como as suas atitudes e comportamentos. Numa mesa perto de nós, a típica dupla de motoristas, a enfiarem à pressa umas sandes empurradas por coca cola, que de cada vez que param para comer tentam melhorar os tempos. Parecem os mecânicos numa corrida de Formula Um. Noutra mais à frente, um vendedor, de fato e gravata. E por ai a fora, até que ela fica outra vez a olhar para mim quando eu lhe digo que aquele par que está num dos cantos da sala é o típico caso do homem que leva a sua amante numa viagem. Os olhos dela até brilham. Incrédula, ouve-me contar-lhe que na altura em que eu ali andava, de vez em quando, pessoal que eu conhecia levava uma “amiga”, para colorir um pouco o negro do asfalto. Deixavam esposa e família em casa, e durante o tempo que durava a viagem era o rengabofe total. Diz que nunca tinha pensado que houvesse alguém capaz disso. Uma das coisas que eu sempre apreciei nela foi a sua ingenuidade. Asseguro-lhe que isso é só a pontinha do iceberg.          
Tendo à nossa frente ainda tantas horas de descanso obrigatório, mais parecia que estávamos numa viagem de ferias. Ela levanta-se e vai buscar um licor. Quando vê a minha cara, pisca-me um olho dizendo que lhe apetecera de repente. Ao meu comentário de, não ter a certeza de ser o sitio ideal para dar seguimento ao que invariavelmente se passava após ela beber uma pontinha de álcool. Depois de ter mexido a sua bebida com o dedo, leva-o lentamente à boca, humedecendo os lábios com resquícios de licor. Com um olhar maroto, devasta os meus planos de uma noite bem dormida. Não faz mal, eu estou aqui e pago para ver. Ela quer brincar, e brincadeira sempre foi comigo.         
Como se com isso ela tivesse mandado a bola para o meu campo, eu devolvo-lha. Recostando-me na cadeira, estico as pernas de maneira a roçar nela. Ela imita-me. Enquanto acendo um cigarro, sinto um toque na minha coxa, logo acima do joelho. Toque que se vai transformando em carícia. É ela com o seu agora pé descalço. E mesmo sendo uma das mais dejá vu manobras de sedução, sendo bem feita resulta sempre. Ela vai fazendo isto olhando-me sempre nos olhos. É disto que é feita a diferença. Nestes pequenos sinais reside a antípode distância entre qualquer coisa e a real coisa! E não haja dúvida, entre nós, houve sempre a maior das reciprocidades em tudo. Se era eu que queria, bastava dar-lhe o menor sinal, que ela apanhava-o imediatamente. Se era ela, idem. Agora era um caso de idem. Ajeito-me de maneira a facilitar-lhe as manobras, e ela, com a experiência de quarentona que é, faz um trabalho irrepreensível. Retribuo-lhe com um igual, ao seu sorriso safado. Com a sola do pé, sente o quão bem sucedida está a ser nos seus intentos. Sabendo o problema que me tinha provocado, finge o ar mais inocente. Diz que vai fumar um cigarro. Levanta-se e sai do restaurante. Pelo vidro, vejo-a dirigir-se a um banco de jardim que está do lado de fora, junto a um parque infantil. Cabra. Sempre adorou isto, deixar-me excitado com uma erecção em publico, e ficar a ver de que forma me desenvencilhava. Enfiando uma mão no bolso, lá consigo, a custo, aprisionar junto ao mim o meu prolongamento.            
Quando chego ao pé dela, pergunto-lhe se está contente. Responde que gostou do que viu. Que gostou mesmo muito. Rimos os dois. Parecemos dois miúdos. Acima de tudo, acho que é por isso que nos damos tão bem. Sento-me no banco, com uma perna de cada lado de maneira a ficar de frente para ela, e beijo-a. Ainda sabe ao tal licor. Beijo-a mais. Ela, chega-se mais a mim.           
Ficamos assim a namorar. Pergunto-lhe o que lhe tinha provocado tudo aquilo, ela responde que não sabe bem ao certo, talvez tenha sido pensar no que deverá ser excitante dois amantes, escaparem-se numa viagem pela Europa a fora, nada mais tivessem para fazer senão serem amantes. Amarem-se, longe de tudo e de todos. Conhecendo-a, sei precisamente o que provocaria a minha proposta de entrarmos no nosso mundo de fantasias. E, atirando de vez às urtigas a ultima possibilidade da tal noite de sono descansado, digo-lhe que ela está a acenar com comida a um esfomeado, e o que quer que dali surja, cor-de-rosa não será de certeza. Responde-me que sempre foi mulher de preferir o vermelho carregado ao cor-de-rosa.Sei que, estando ela sob o efeito afrodisíaco do licor, fica por tudo. Digo-lhe que quero que ela “seja” uma gaja qualquer que eu tivesse apanhado na beira da estrada à boleia. Que estivesse de fuga para onde quer que alguém a levasse, desde que para bem longe. Que faria tudo o que eu quisesse em troca da tal boleia. Pela maneira como ela se contorce, sei que atingi bem no centro o alvo. É chegada a hora de ela começar a pagar o que me deve. Obediente, diz que vai para o camião. Pede uns minutos, enquanto entra e se prepara. Dá-me tempo para um último cigarro.Quando entro no camião, já com as cortinas corridas, dispo-me rapidamente. Passo para a parte de trás. O beliche de cima, não sendo preciso, está recolhido, encaixado na parede traseira. Ligo uma luz fraquinha. Assim é melhor, eu quero vê-la! Com o lençol a cobrir-lhe o corpo nu, ela repousa esticada com uma perna meio dobrada de fora. Adoro ver o corpo dela. Não sendo gorda, carne não lhe falta. Tem o corpo de mulher madura. Os seus seios, de pesados que são, quando deitada de costas, pendem para o lado. Dois globos enormes, encimados por dois mamilos grossos como um dedo, que quando ela está excitada, ficam entumecidos.          
Deito-me sobre ela, quase não a tocando, cheiro-lhe jasmim nos cabelos. Desde que a conheço sempre foi o seu shampoo preferido. Ela, submissa, não se mexe. Está aqui para ser usada. Está aqui para mim, para dar o seu corpo em troca de uma boleia. E vai pagá-la ao preço do ouro. Abro-lhe a boca com os dedos, mantendo-a aberta para a explorar com a língua, para a provar, para a comer. Deito-me de lado, continuando a comer-lhe a boca toda, enquanto enfio a mão por debaixo do fino lençol. Afago-lhe por todo o seu corpo. A minha boca não lhe dá tréguas, nem ela as quer. Procura constantemente mostrar-me que quer dar mais, que quer dar tudo. A minha mão chega à sua vulva. Está a ferver, inchada e encharcada. Pressiono-a com a minha mão bem aberta, ela abre-se, aceitando que dois dedos a penetrem, indo buscar o seu viscoso néctar, que lhe espalho pela entrada do seu já semiaberto corpo. Volto a penetrá-la, desta vez mais fundo, e por mais tempo, remexendo lentamente dentro dela, sentindo todas as rugosidades das suas pregas interiores, pregas essas que dentro em breve estarão lisas de tão esticadas, ao penetra-la com tudo o que tenho.          Tal como um músico arranca as mais perfeitas notas de um instrumento, assim eu lhe arranco os mais sentidos gemidos. Nas minhas mãos ela é o mais afinado piano que solta a mais excitante sinfonia. E como tal, num crescendo, vai aumentando a intensidade do prazer, que gradualmente se vão transformando em gritos abafados.Vem-se. Depois de, numa sucessão de contracções, me espremer os dedos, guio-lhe a cabeça para onde a quero. E ela sabe. Com a mesma avidez que engolia todo o ar que conseguia sugar para dentro dela, abocanha-me. Engole-me completamente, para em seguida me lamber em todo o comprimento com os olhos incendiados pela mais faminta lascívia. Um fio de saliva, liga-me à boca dela. Passa então a envolver-me com a sua mão, e vai-me masturbando lentamente, enquanto com a língua continua a lamber-me mesmo na ponta, que lhe fica de fora da mão. Continua, espalhando mais um pouco de saliva que lhe escorre da boca entreaberta.         
 Por agora chega de aperitivos, quero mesmo é o prato principal. Deito-a de lado, segurando na parte interna da sua coxa, tão perto da sua entrada que consigo arreganhar-lhe os beiços com os dedos. Ela geme por antecipação. Sente-se toda aberta, toda húmida e sabe que,  com a fome que eu estou dela, quando eu entrar será todo de uma vez. Até ao fim. E até ao fundo dela. Ela suspira e tenta empalar-se, não o consegue pois eu seguro-a firmemente. Digo-lhe para ter calma pois ali quem come sou eu. E se ela quiser tem que pedir. Ela pede. Não pediu por favor, logo não merece. Num lamento misturado com um gemido, redime-se, suplicando por Deus para eu me meter nela. Agora sim, sem mais, puxo-a ao mesmo tempo que numa arremetida me mando para dentro dela. Todo. Seguro-a firmemente. Arfando, sai-lhe tudo ao mesmo tempo. É gemido, choro, lamento, dor; é prazer!             
Aturdida, e louca de tesão, ajeita-se de modo a dar-se mais. Cola as suas costas a mim. Desde que entrei nela ainda não me mexi. Deixo-a digerir todas as sensações, lentamente. Ternamente, afago-lhe os cabelos, desnudando-lhe o pescoço. Com a outra mão, pego em tudo o que consigo de um dos seus seios. Sinto-lhe o peso, espremo-o. Ao mesmo tempo que lhe começo a lamber o pescoço, por trás da orelha, sinto-a arrepiar-se. Nós sempre intensificámos o sexo com palavras. Sussurrando-lhe ao ouvido, começo a dizer-lhe que aquela viagem lhe ficará de recordação para sempre. Ela, ficará para sempre com uma lembrança daquela noite, em que se entregou completamente para pagar uma reles boleia. Nem uma puta se venderia tão barato. E aquilo serviria, para que sempre que se visse ao espelho se lembrasse do quanto ordinária tinha sido.             
Acho que, deve ser aquele turbilhão de sensações que fizeram ao longo de séculos, crescer o fascínio em volta dos vampiros e do Conde Drácula. Faz com que, no calor do momento, a necessidade de mais e mais estímulos, até a iminência de dor ou de morte acabam por ser canalizados para elevar ao máximo o prazer. A entrega total.Recomeço então a lamber-lhe o pescoço, passando depois a chupar-lho, cada vez com mais força. Começo a mordiscá-la, aumentando a cadência das minhas estocadas bem fundo dentro dela. Segurando-a sempre bem junto a mim, vou tocando-a. Com os dedos, estimulo-a enquanto me sinto a entrar e a sair de dentro daquela caverna quente e húmida. Ela simplesmente está aqui. Deixa-se comer. O seu corpo extenuado de tantos e violentos orgasmos que já o percorreram, já mal reage. É altura do fim. Com um rosnar, finco-lhe a minha boca toda aberta no seu delicado pescoço.              
Cravo-lhe os dentes no limiar da dor. Sem forças nem vontade de se libertar, limita-se a gritar e a gemer enquanto me sente arrombá-la completamente. Nada mais pode fazer senão abrir-se, puxando a sua nádega ao máximo enquanto que, com a outra mão afasta o cabelo para eu lhe devorar o pescoço. Abrando, ao mesmo tempo que ela tudo faz para continuar. Que mulher! Assim que solto a minha primeira carga, volta a ter outro orgasmo, em simultâneo com o meu. Sinto-lhe o corpo todo a tremer. Os espasmos sucedem-se. Acho que, se continuasse por mais algum tempo, ainda lhe dava alguma coisa má. Uma espécie de overdose de sexo. Ao fim de alguns minutos começa a reagir. A muito custo separamo-nos, ficando assim, a adormecer lentamente.            
Ela ainda me pergunta porque é que eu estou a sorrir. Respondo-lhe que, se ela me tivesse acompanhado noutros tempos, de certeza absoluta que nem o primeiro transporte teria feito até ao fim. Teria ficado logo pela primeira área de serviço que encontrasse.Acordo, quando o rádio programado para despertar, começa a palrar a inconfundível energia dos programas. Seja qual for o país ou a língua, a matriz é sempre a mesma. Olho para o seu corpo enquanto se vai espreguiçando. 
Languidamente, subo para cima dela. Sei que está pronta para mim. Entreabrindo as pernas, recebe-me quando me meto nela, lenta contudo, decididamente. Abre os olhos no momento que a beijo. Sem grandes demoras, e com um cadenciado embalar dos nossos corpos, vimo-nos rapidamente. É hora de arrancar. Digo-lhe que temos de ir.O dia corre normalmente, e durante a tarde começa outra vez a brincar com o CB. Hoje, indo mais longe nas provocações, vai relatando como engatou dois gajos que a cilindraram a noite toda. À medida que vai descrevendo os pormenores, apercebo-me o quanto está a ficar excitada, assim como eu. Sentindo o conflito de emoções dentro da minha cabeça, dou por mim a imaginá-la na cama comigo e com outro homem. Confesso que já tinha fantasiado muita vez com uma cena de menage a trois, mas envolvia sempre uma segunda mulher. Nunca um segundo homem. Estava a ir a recantos desconhecidos do meu jardim das fantasias. Mas, ao invés de repudiar, excita-me. Ela reparando nisso, vai compondo a sua história.Mal o camião pára no final do dia, corremos as as cortinas e arrancamos as roupas um do outro fodendo-nos loucamente. Ao penetrá-la por trás, separo-lhe as nádegas com as mãos,  introduzindo primeiro um, e depois os dois polegares no seu já habituado ânus. Com a intensidade de mil trovões, explodimos ao mesmo tempo num tremendo orgasmo. Insaciada, pede-me para me deitar de costas, colocando-se sobre mim numa posição de sessenta e nove. Com gula, desata a lamber os nossos sucos do meu pénis, que ansiava de novo por sentir fosse o que fosse. E a boca dela, ora engolindo-me, ora lambendo-me todo, era divinal. Eu deliciava-me a devorar aquela gruta, quente, e encharcada. 
Recomeçando a tocá-la no seu ânus já relaxado, aumento ainda mais o seu desejo. Começo a enfiar dois dedos, um na vagina e outro no seu cuzinho de sonho. Lubrificando-a bem, acrescento um segundo dedo e depois o terceiro no seu recto, passando a fodê-la no cu ao mesmo tempo que ela me assenta a vagina na minha boca para que eu a consiga penetrar com a língua ainda mais a fundo. E assim, com o seu clítoris esborrachado no meu queixo, e a minha língua a remexer dentro da sua rata, começa a ser ela a fazer o movimento de vai e vem nos meus dedos que agora literalmente lhe fodem o cu todo. Acelerando o movimento com a mão que, agora me masturba, ao mesmo tempo que me chupa, faz-me aproximar de novo orgasmo. Não querendo desperdiçar uma gota do que estou prestes a dar-lhe, enfia-me na boca. O termo indicado, e por muito aporcalhado que possa soar, é mesmo mamar. Como uma bezerra, mama do meu pénis todo o leite que eu começo a jorrar, fazendo com que ela inicie o que me parece o orgasmo do século. Quase me impede de respirar, tal é a força com que se esfrega toda na minha cara. De cada vez que temos sexo, parece que superamos tudo o que já fizemos até ali. E isto dura desde que começámos a namorar há já vinte anos! Que mulherão!         
Já muito mais aliviados, lá vamos tomar um duche e jantar. Enquanto bebemos café, toco no assunto da dupla penetração. Confesso-lhe que me tinha excitado de imaginar que, em vez dos meus dedos, era o pénis de um outro homem, o que sentira através da sua fina separação entre a vagina e ânus. Reticente, diz que nunca pensara bem nisso, mas acha que nunca teria coragem para fazer tal coisa. Achar não é ter certeza. Volto à carga insistindo que, se ela alguma vez atinasse nessa aventura, desde que fosse com alguém que nós nunca mais víssemos, e tomando todas as precauções, pode contar comigo. Como eu calculava, diz que não consegue imaginar isso vir a acontecer. Muito pouco convincentemente.        
Regressando ao camião, ela pergunta-me se eu tenho mesmo a certeza de que seria capaz de algo assim. O bichinho ficou lá. E está a fazer das suas. Com isto, começamos a fazer amor, que depressa sube de tom, até que já completamente excitada, me pede para voltar a fazer-lhe dupla penetração. Mas agora quer lhe faça sexo anal, enquanto a penetro com os dedos na vagina. Com o vagar que exige a preparação para o sexo anal, vou lubrificando-a com saliva e com os seus líquidos vaginais. Quando a sinto, excitada e molhada o suficiente, começo lentamente a penetrá-la.         
Dou-lhe tempo para me ir acomodando. Depressa a dor se transforma em prazer. Acaricio-lhe os seus grandes lábios, e vou-lhe afagando o seu botãozinho, ela começa a gemer. Vai-se  retorcendo cada vez mais. Do fundo da garganta solta um lânguido grito rouco, ao mesmo tempo que, já todo dentro dela, lhe enfio o indicador e o médio na sua vagina. Geme e pede mais; mais força, mais fundo e mais um dedo. Eu sempre achei que, muito mais eficaz que soro da verdade, o delírio provocado pela tesão e pelo desejo, inibe a tal ponto o raciocínio que tudo o que se diz nesse estado é exactamente o que se pensa. Sem merdas. Pergunto-lhe se afinal acha, ou tem mesmo a certeza que não gostaria de experimentar aquilo a sério! Digo-lhe isto sem nunca parar de a penetrar. Se agora ali estivesse não os meus dedos, mas outro caralho, a comê-la tão dignamente, se não iria delirar de prazer. Responde que sim, que quer isso mesmo. Que temos que experimentar, e que tem que ser dentro em breve. Vimo-nos ao mesmo tempo numa mistura de gritos e de grunhidos. Que foda! Está dorida, de todas as vezes que fazemos sexo anal, fica sempre um pouco dorida na altura. Adormecemos.Quando acordo, já ela está de regresso do seu duche.       
Durante o pequeno-almoço, reparo num gajo que entra no restaurante com uma mochila enorme às costas. Deve ser um daqueles que, à aventura, se mete por essas estradas fora à boleia. Num flash, passa-se um filme na minha cabeça. Originado, seguramente, pelo que se passou durante a noite.Levanto-me e dirijo-me à fila onde ele aguarda a sua vez, simulando um desequilíbrio, toco-lhe.              
Peço-lhe desculpa em português, língua na qual ele, com um sotaque francês responde que não tem importância. Pegando num croissant, meto conversa, perguntando se ele vem de Portugal. Não, é francês, de descendência portuguesa. Está a fazer uma viagem, sem destino pré estabelecido. Como uma aranha, começo a tecer uma teia para o enredar. Casualmente, digo-lhe posso oferecer-lhe boleia para a Holanda. Ele, admirado aceita, pois é precisamente para lá que pensava dirigir-se. Quando pagamos na caixa, encaminho-o para a mesa onde a Sandra me aguardava. Admirada, pois sabia o quanto eu evitava os penduras, ouve-me dizer-lhe que o Jean Luc vai para a Holanda e que nós lhe vamos dar boleia. Ele, visivelmente constrangido, diz que pensara que eu estivesse sozinho, que de forma alguma quer incomodar, e uma vez que estou acompanhado pela minha mulher. Asseguro-lhe que não, aliás, se assim fosse, nunca me teria oferecido. Fica então decidido que o levamos pelo menos até à Holanda, onde chegaríamos ao fim do dia. A cara da Sandra é um enorme ponto de interrogação. Aguardamos enquanto ele termina o seu café com leite e o seu bolo. Despercebidamente, a Sandra pergunta porque é que eu estou a fazer aquilo. Enigmaticamente, respondo que nunca se sabe se não nos fará jeito tê-lo por perto.         
Durante o dia, acabamos por nos conhecer melhor. Nos últimos meses já tinha percorrido todo o sul da Europa, desde a Grécia, passando pela Croácia, Itália, Espanha, e agora, depois de ter passado por Paris, onde moravam os pais, dirigia-se aos países do norte. Tinha, depois de ter terminado o curso de operador turístico, tirado um ano para conhecer alguns países. Planeava, depois de começar a trabalhar, voltar a fazer o mesmo pelos outros continentes.Com agrado, vejo que a Sandra, assim como eu, simpatiza com ele. Isso é bom. Pergunta como costuma pernoitar. Ele diz que, onde é possível; acampa, onde não é, à boa maneira dos seus antepassados; desenrasca-se. Sem o deixar pensar, ofereço-lhe o beliche de cima. Já que, iríamos lá pernoitar, não fazia o menor sentido ele não aproveitar uma cama e um tecto. Ele, embasbacado, ainda tenta recusar, mas eu reforço que faríamos questão, e ponto final.           
Depois da rotina habitual, e tendo combinado que nos encontraríamos no restaurante, engulo em seco quando a Sandra se nos junta. Tinha vestido aqueles calções de ganga curtíssimos que eu adoro. Parece a fulana dos três duques. Passando por detrás do Jean Luc , apoia-se  no seu ombro, e inclina-se para se sentar. O que o faz olhar na sua direcção precisamente a tempo de, sem o poder evitar, ter tido uma visão do paraíso; o seu decote. Ela como se não fosse nada, começa a perguntar se já tínhamos decidido o que jantar. Jean Luc, está visivelmente atrapalhado. Ele sabe que, tirando a mais remota hipótese de eu ser o mas perfeito dos papalvos, vi que o a minha mulher lhe deu a ver. Está completamente à toa. Sabe que eu sei, que eu vi o que ele viu. Mesmo assim não vê da minha parte qualquer tipo de reacção. Depois do jantar, vamos para a esplanada que dá para o parque de estacionamento.           
Diverte-me ver a reacção dele, quando se apercebe que ainda faltava o suplício de passar a noite dentro do mesmo exíguo espaço em que aquela mulher iria dormir, mais que provavelmente, semi-despida com o seu homem. Sem querer afugentar a presa, sugiro ir buscar a garrafa de whisky que temos no camião e fossemos para o jardim. A Sandra, apoia, reforçando que vai pedir umas colas. Quando volto, a Sandra, só não está mais junto a ele porque não era possível. Exagerando no frio que realmente se faz sentir, lamenta eu não lhe ter trazido um casaco. Ofereço-me para o ir buscar mas ela diz que, estando ali o Jean Luc a emanar todo aquele calor que parece ter consigo o sol do Mediterrâneo, não é preciso. Olho para ele de relance, e vejo a sua atrapalhação tentando desviar a conversa ao comentar que nem sentia assim muito frio. E nem estava.           
Eu, fingindo que tudo aquilo era muito natural para mim, agradeço-lhe ter protegido a minha mulher. Ao fim de pouco tempo, quase toda a garrafa já tinha desaparecido, e, no processo, todos nós já estávamos muito mais descomprimidos. Preparando o terreno, digo que seria boa ideia irmos dormir, mas que antes teria que ir à casa de banho. É sem surpresa que ouço a Sandra dizer que tudo bem, pois o Jean Luc lhe fará companhia enquanto eu não regressar. Sugiro que o melhor é irem andando, que eu depois iria ter com eles ao camião, pois calhava em caminho.             
Quando entro no camião, é com perverso agrado que vejo que ele, já deitado no beliche de cima, tenta disfarçar não a ter visto despir-se, uma vez que, quando eu abro a porta, ela estava só de fio dental do mundo, fingindo procurar não sei o quê numa qualquer gaveta do camião. Quando eu subo, ela deita-se com a maior naturalidade. Já completamente às escuras, começo a despir-me. Ela, antes de eu o conseguir, arranca-me o resto das roupas. Completamente nu, puxa-me de modo a que eu me deite de costas. Sinto-a com a sua escaldante boca atacar-me o meu já quase erecto pénis. Depois de o ter no ponto que pretendia, sobe por mim a cima. Sinto-a empalar-se em mim. De uma só vez até à minha raiz. Inclinando-se de modo a ficar com a sua boca junto à minha orelha, segreda-me ao ouvido; já que eu tinha provocado o que estava a um pequeno passo de acontecer, agora dependia de mim. Ela estaria por tudo.              
Não consigo evitar de, após meia dúzia de estocadas, a inundar com a minha explosão de esperma. Ela, não se tendo vindo, continua a foder-me com tudo o que uma fêmea cheia de tesão tem para dar. Só pára quando se vem. Ainda a arfar, faz com que eu me posicione de modo a que ela, de quatro, me assente a sua besuntada rata na boca. Lambo todo o meu leite a escorrer dela. Faço-a vir, comendo-a. Sem mais delongas, chamo o Jean Luc. Ele, tendo ouvido tudo o que se tinha passado no beliche de baixo, pateticamente tenta imitar uma voz acabada de despertar do sono. É a Sandra que, simplesmente o ordena que é hora de mostrar o que vale. Sem surpresa, em menos de cinco segundos, sinto-o junto a nós.             
Pelo que me apercebo, a Sandra, assim que o sentiu junto a ela, puxa-o de forma a que ele se ajoelhe à sua frente. E, começando a ouvir o som da mais perfeita mamada, e não sentindo, sei que é a ele que a boca dela agora dá a conhecer o sétimo céu. Saber que, enquanto eu lhe faço o minete do século, ela mama na verga de outro homem, faz-me descarregar a minha preciosa segunda remessa pela cara dela. Passo-lhe um preservativo para ele colocar. Querendo tudo a que tinha direito, faço-o deitar-se de costas, enquanto que a sento, de costas para ele, sobre a sua verga. Eles, simplesmente obedecem. Apercebo-me que a             
Sandra, nesta primeira aventura do género, tinha tido bafejada com a sorte grande. O pau dele era consideravelmente bem composto, não sendo mais grosso, seguramente era um pouco mais comprido. Como se fosse um vibrador, guio-o para dentro do ânus da minha completamente excitada mulher. Ela, sentindo-o por ela a dentro, prende a respiração até o sentir completamente enterrado. Sem sequer um segundo para ela se restabelecer, começo a enterrar-me na sua muito mais apertada vagina. Sentindo duas vergas dentro de si, ela simplesmente não sabe o que fazer em primeiro lugar. Se gemer, se arfar, se suplicar por que a fodamos… e é precisamente isso que nós passamos a fazer. Ora os dois ao mesmo tempo, ora alternados, saindo um enquanto o outro entra, fodêmo-la pelo que me parece horas. Ao mesmo tempo, vou-lhe devorando a sua insaciável boca.       
Arrependo-me de, quando fui comprar preservativos, ter trazido só uma caixa.Quando, ao amanhecer nos despedimos, a Sandra pergunta-lhe se ele tem a certeza de não querer ri até Portugal. Ele, sorrindo, diz que quem sabe um dia. E foi-se embora.De regresso a casa, já novamente em França, ao vermos duas jovens com os seus vinte e poucos anos à boleia, ela sugere que faríamos uma boa acção se as levássemos.            Hoje, três dias depois de termos chegado a casa, ainda não sei ao certo quando é que a Celine e a Sophie, irão seguir a sua programada viagem por Portugal. Cá para mim, acho que elas encontraram na nossa cama aquilo que vinham à procura.                                             FIM


Em 2005, sob o pseudónimo de Scott Noia, este pequeno conto foi das primeiras coisas que escrevi. 
Provavelmente, e é natural que assim seja, notem algumas diferenças na forma. Mas como diz o outro, o que conta é a intenção; e essa já lá estava toda!

Dulce Torini