domingo, 15 de junho de 2014

Nada de perguntas! (final)

Antes de me virar para ver quem se dirigia a nós, ouço uma voz de um homem a cumprimentar o Pedro.
-      Senhor Pedro Castro, receava já não haver uma oportunidade de conversarmos.
-      Senhor Engº. Barbosa, como está? Pensava que só viria amanhã. – articulou nervosamente.
-      Por motivos de força maior, terei que viajar amanhã para o Brasil, se quiser apresentar a tal proposta terá que ser agora, se chegarmos a acordo depois poderá tratar dos pormenores com o meu staff.
          Este devia ser um dos potenciais clientes de quem ele andava atrás. Ele tinha mencionado qualquer coisa acerca disso durante o almoço. Eu não queria acreditar que a besta do velho fosse insistir em tratar de trabalho à uma e tal da manhã. Virando-se para mim, apresentou-me, dizendo que eu era uma velha conhecida, que estava ali também para o congresso. Não tive a certeza que o velho tivesse ficado convencido, pois ao despedir-me deles, ainda o ouvi sarcasticamente a perguntar ao Pedro, pela sua encantadora esposa, e pelos filhos.
          Depois de recolher o cartão-chave na recepção, olhei disfarçadamente e vi-os dirigirem-se para o bar do hotel. Enquanto o homem falava, ele num breve arquear de sobrancelhas, deu-me a entender que não poderia fazer nada. Eu entendi.
No elevador, respirei fundo… parecia que agora, longe dele a sua influência sobre mim ia esmorecendo, e pensando agora mais friamente no que estivera prestes a acontecer, tudo não parecia mais do que uma grande loucura… contudo, não podia ignorar um certo sentimento de frustração. Algo em mim mudara definitivamente.
Cheguei ao quarto, despi-me e tomei um duche… enfiei-me num negligé, e deitei-me… não conseguia deixar de pensar no que se tinha passado naquele dia, tinha sido o ponto de viragem da minha vida… peguei no telefone e liguei ao meu marido, como calculei ele ainda não estava a dormir, sem pormenores disse-lhe que estava tudo bem e que ia dormir. Quase a desligar, ainda lhe disse:
-      Sobre o que nós temos falado… eu pensei nisso. E acho que finalmente entendi o que nunca tinha conseguido entender. Tu tens razão… vamos fazer o que tu tanto queres.
-      A sério? Eu amo-te tanto… – Ele estava radiante.
-      A sério… e eu também te amo, depois falamos sobre isto, agora dorme. – Disse-lhe, desligando a chamada.
Tinha a certeza de que algures no Porto, havia pelo menos um homem felicíssimo. Sabia que mais cedo ou mais tarde ia ser pai. E eu encarregar-me-ia de tratar disso.
Desliguei a luz e fiquei a olhar para a lua, enorme que me espreitava pela janela do quarto. De repente, dei por mim a imaginar como aquele luar era tão mal empregue em não estar a iluminar corpos a fundir-se um no outro. E que esses corpos não só poderiam, como deveriam ser o meu e o do Pedro. Estava outra vez a arder, e o foco principal do incêndio ansiava por ser tocado, deslizando as minhas mãos pelo meu corpo, comecei a acariciar-me, senti-me completamente molhada de desejo, e com os dedos, comecei a masturbar-me, com uma mão a deslizar na parte de dentro das minhas coxas, imaginando ali o toque das ancas dele, e com a outra mão a acariciar-me o clítoris, vim-me como não me lembrava de alguma vez me ter vindo, bastou-me imaginar que ele estava ali, a possuir-me toda. A fazer-me um filho. Estava toda a tremer.
 O orgasmo tinha-me deixado completamente nas nuvens, e fechando os olhos deixei-me adormecer, enquanto na minha mente iam desfilando imagens de corpos nus, transpirados, ofegantes, a ultima coisa de que me lembro foi de me ter sentido adormecer com um longo suspiro.
  Sem saber ao certo o que me tinha feito despertar do turbilhão que estava a ser o meu sonho, acordei. Estava tudo silencioso, o som da rua, mesmo com a janela do quarto completamente aberta, não chegava ao vigésimo segundo andar. Pelo menos àquela hora da noite, em que as ruas deviam estar desertas. Esticando a mão peguei no telemóvel para ver as horas, duas e quarenta e cinco. Já prestes a esquecer o assunto, ouvi leves pancadas na porta.
Fora isso que me despertara. Intrigada, levantei-me e dirigi-me à porta. Provavelmente fruto do magnetismo que dele sentira durante todo o dia, mesmo antes de abrir, pressenti que era o Pedro.
E foi sem palavras que ele transpôs a porta. Ao mesmo tempo que a fechava com um pé, puxou-me para ele, beijando-me, levantou-me e foi ao colo dele, com as minhas pernas à volta das suas ancas que me levou para a cama. Sentou-me na beira, e começou a desapertar a camisa. Eu levantei-me e fi-lo parar. Queria ser eu a despi-lo. Desapertei-lhe a camisa até baixo. De seguida, despertei-lhe o cinto e soltei um suspiro quando senti o volume que lhe deformava as calças quando as desapertei, deixando-as cair aos seus pés. Passando-lhe as mãos pela barriga, sentindo o resultado que anos de ginásio provocam, deslizei-as pelo seu peito, largo e afastei-lhe a camisa, passando-a pelos seus ombros e depois continuando a descê-la pelos seus braços, dando um último puxão, fiz voar os seus botões de punho pelo chão do quarto. Com um rápido movimento descalçou-se ficou ali à minha frente, de boxers. A lua, que entrava pelo quarto a rodos, iluminava-o. O volume que sentira, duplicara, deixando-me adivinhar o quanto ele estava louco de desejo.
Não consegui esperar mais. Voltando a sentar-me na beira da cama, com as duas mãos fiz deslizar por ele abaixo a ultima barreira que me separava daquela masculinidade. Ofegante e sentindo o coração a galopar-me no peito, engoli em seco vendo a força que emanava daquele fabuloso instrumento de culto, ali a centímetros de mim, obscenamente apontado à minha cara. Peguei-lhe, e ele, com o meu toque, pulsou nas minhas mãos, respirando fundo, gemeu de prazer quando eu lhe beijei a glande, descomunal. Queria demonstrar-lhe toda a minha submissão, com esforço tudo o que consegui foi que entrasse parcialmente na minha boca, de seguida, comecei a beijá-lo todo, lá desde a base, até novamente à ponta. Ao fazê-lo, esfregava-o na minha cara. Durante todo este tempo, nunca desviámos os olhos um do outro.
Então, pegando-lhe nas mãos, puxei-o enquanto me ia reclinando até que fiquei deitada de costas, bem no centro da cama. Ele veio por cima de mim, envolvendo-me com os seus braços, deixando-me sentir o seu peso, começou a beijar-me na boca. Eu queria mais, delirando de desejo, ele foi-me beijando o pescoço, descendo pelo meu corpo, sugando-me os mamilos, primeiro delicadamente, e depois mordendo-me com força. Descendo mais, beijou-me a barriga cada vez mais para baixo, até que senti os meus pêlos na sua cara. Sentia-me a derreter. Sentia-me escorrer de desejo, e ele não desperdiçava um pouco que fosse do que eu lhe estava a dar. Ao mesmo tempo que me devorava com a boca, fazendo-me quase desmaiar de prazer, ia-me explorando com os seus dedos. E que dedos! Tocando-me em sítios que nem eu própria imaginava ter, levou-me a uma espécie de limbo, em que, sem o mínimo controlo sobre o meu corpo, nada mais podia fazer senão gemer e gritar de prazer, enquanto ia sentindo num atrás do outro, uma onda interminável de múltiplos orgasmos.
Nunca na vida sentira nada parecido. Mas queria mais. Queria tudo. Queria senti-lo dentro de mim. Ele, parecendo adivinhar, volta a pôr-se sobre mim. Ao mesmo tempo que colocava a sua boca junto da minha, respirando o meu ar, colocou o seu enorme pénis à entrada da minha vagina. Minha não, dele. Assim como toda eu, era dele. E começou a forçar a entrada. A dor que provocou ao esticar os meus lábios depressa se transformou no mais puro e animal prazer. E veio empurrando, num lento vai e vem, de cada vez que saía, entrava um pouco mais. E eu ia-me ajeitando, abrindo-me ao máximo, empenhando-me para acomodar tudo aquilo dentro de mim. E então, adivinhando um novo orgasmo, puxei-o ainda mais. Queria-o todo. Todo o seu peso. Toda aquela peça de carne pulsante distendendo-me as paredes interiores vagina, preenchendo-me completamente. Tendo a noção de que todas as minhas barreiras estavam agora derrubadas, pego-lhe na cabeça, procurando forma de encostar a minha boca ao seu ouvido. No meio da respiração ofegante e completamente descontrolada, e com a voz já rouca de tanto ter gemido, falei pela primeira vez:  
-      Sim… toma-me toda… eu sou toda tua, fode-me toda, solta todo o teu esperma dentro de mim…sim…
Cravando as minhas unhas nas suas nádegas, duas enormes bolas de carne, que a cada estocada ficavam rijas como mármore, puxei-o com toda a minha força. Já estava. Podia sentir os seus ossos pélvicos a esborrachar-me os lábios completamente abertos para engolir todo aquele mastro. Sentia-o tão dentro de mim que certamente pressionava a entrada do meu útero. Estávamos completamente alagados em suor, o dele, misturava-se com o meu encharcando-me o negligé. Precisando de me ver toda, de sentir a sua pele na minha, abriu-mo com um só rasgão. Agora sim. Sem nada entre nós, sentia-me toda dele. Sentia-o por todo o meu corpo!
Quando eu pensava que ele já não poderia entrar mais em mim, levantou-me as penas, colocando-as sobre os seus ombros. E foi assim que ele ficou por mais sei lá quanto tempo, ora lentamente, deixando-me sentir todo o seu comprimento, agora entrando e saindo quase todo, deixando só a cabeça dentro de mim e voltando e enterrar-se todo, ora aumentando o ritmo até passar a foder-me alucinadamente. Em boa verdade, tenho poucas certezas de não ter desmaiado durante aquela foda.
Então, começou a abrandar. Totalmente enterrado dentro de mim, mexendo-se quase imperceptivelmente, até que se imobilizou por completo. Com aquele esgar tão característico de quem está a ter um majestoso orgasmo, disse-me ao ouvido “ Toma! Toma-me todo!”. Veio-se. Explodiu dentro de mim, de cada vez que se contraía dentro de mim, sentia mais uma vaga de esperma quente e espesso a derramar-se bem dentro do meu ventre perfeitamente preenchido por toda aquela imensa peça de carne. Tudo o que ele despejou dentro de mim, cá ficou. Só sairia quando ele saísse de mim. E eu não o permitiria tão depressa. Puxei-o ainda mais para cima de mim. Deixou-se ficar assim até ter recuperado a respiração. Eu pensava que ele entretanto amolecesse e que saísse. Puro engano, mal perdeu um pouco a rigidez, voltei a senti-lo pulsar, e dentro de pouco tempo voltava a penetrar-me, agora mais lentamente, saboreando cada milímetro da minha distendida vagina. Já o dia começava a clarear quando finalmente adormecemos.  
Escusado será dizer que nos dias que o congresso durou, por poucas vezes saímos do quarto.

Quando voltei para casa, no final dessa semana, sentia-me outra mulher. E era. O meu marido notou algo de diferente, e perguntou-me o que se passava. Colocando-lhe o indicador nos lábios fiz-lhe sinal para nada dizer.
-      Nada de perguntas, lembras-te?
E nada mais me disse. Nunca mais entre nós se tocou no assunto da minha viagem a Lisboa.
Nem mesmo quando, umas três semanas depois, e como resultado dum teste de gravidez, lhe dei de presente uma chupeta. Ficou radiante, era o futuro papá mais babado do mundo. Nada o poderia fazer mais feliz.
Nada excepto uns meses mais tarde, ao lhe ter oferecido uma outra chupeta, ao que ele fazendo uma cara de surpresa disse que eu já lhe tinha dado uma. Respondi que seria uma para cada bebé, uma azul e outra cor-de-rosa. Estava grávida de gémeos. Um casalinho.
Nem sequer até hoje, que os gémeos já gatinham, nunca falámos sobre aquela viagem. Eu tinha realizado o sonho do meu marido. Tinha realizado o meu também.

Ah! E acerca do que o meu marido tão insistentemente me pedia, antes daquela bendita viagem era que, sendo ele estéril devido a uma doença infantil, eu podia seduzir um homem que me engravidasse. Nenhum de nós confiava nos bancos de esperma, e desde que, o que quer que acontecesse ficasse bem enterrado nas brumas do esquecimento, o trato era mesmo “nada de perguntas!”.
Nunca mais voltei a ver o Pedro. Mentiria se dissesse que, de tempos a tempos não sinto algo a mexer comigo quando penso nessa semana que passamos juntos.
Quando olho para os miúdos, o que vejo, são os filhos do meu marido e não do Pedro. Quanto à vontade de voltar a ser dele, não é coisa que eu planeie que venha a acontecer!


Pelo menos até os miúdos terem uns quatro anitos, altura ideal para eles terem mais um mano… ou dois.



FIM

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"A maior desgraça que pode acontecer a qualquer escrito que se publica, não é muitas pessoas dizerem mal, é ninguém dizer nada." Nicolas Boileau